Saindo do Labirinto

(R. C. Migliorini)

labirinto

Diz a lenda que Teseu, um jovem herói ateniense, sabendo que a sua cidade deveria pagar a Creta um tributo anual, sete rapazes e sete moças, para serem entregues ao insaciável Minotauro que se alimentava de carne humana, solicitou ser incluído entre eles. Em Creta, encontrando-se com Ariadne, a filha do rei Minos, recebeu dela um novelo que deveria desenrolar ao entrar no labirinto, onde o Minotauro vivia preso, para encontrar a saída. Teseu entrou no labirinto, matou o Minotauro e, com a ajuda do fio que desenrolara, encontrou o caminho de volta.

O documentário Bambu Rei de autoria da Rubens Xavier retrata as relações estabelecidas pelo músico Shen Ribeiro entre Brasil e Japão através da linguagem musical e artística protagonizada pela flauta tradicional japonesa de bambu, o Shakuhachi.

Ocorre que o músico iniciou uma graduação em arquitetura, trabalhou como desenhista industrial, mas sua paixão o fez mudar de curso. Tomando como exemplo o meu irmão que também é arquiteto, flautista amador de flauta doce, portanto de madeira, que simultaneamente ama o mar e é apaixonado por embarcações, principalmente as tradicionais feitas de madeira e de modo artesanal e que, como Shen, mudou o curso de sua vida, eu entendo que o filme começa falando de labirintos ou de trilhas que não se encaixam. Porém, no final tudo se acerta quando Shen elege o Shakuhachi como seu instrumento. Essa “opção” por um instrumento elegante, de madeira e confeccionado artesanalmente, reúne seu gosto pela arquitetura, pelo desenho industrial, pela música e pelas tradições. Assim, aquilo que parecia confuso, revela-se o oposto disso. O filme ilustra esse movimento com maestria, tanto que seu próprio título além de iniciá-lo, arremata-o ao fechar essa Gestalt de modo surpreendente e emocionante.

Diante dos labirintos da vida, há anos eu tive um pensamento, que depois me pareceu absurdo, mas que agora está voltando a fazer sentido. A impressão que eu tenho é que se atentarmos para nossas vidas, notaremos que caminhos que pareciam completamente díspares e sem nenhuma relação entre si, mostram uma coerência absurda. Creio que a razão disso seja que, no fundo, somos a mesma pessoa e dessa forma, transformamos toda a nossa caminhada com os seus desvios, atalhos, becos sem saída e contramãos em uma caminhada só. Digamos

Um pensamento sobre “Saindo do Labirinto

  1. Jamais percebemos todos os eventos e fenômenos que ocorre, não temos outra alternativa, pois desde que nascemos começamos a desenhar esse imenso labirinto que não descreve o real somente uma figuração chamada realidade.

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