(Paulo Jacob)
Hoje gostaria de falar sobre o conceito do todo/metade no sexo.
Na verdade esse conceito do todo/metade eu utilizo em minhas consultas para mostrar aos pacientes como nós estamos agindo como metade, e não como um todo em nossas vidas. mas agora eu vou pegar esse conceito e falar sobre a sexualidade.
Pessoas metade procuram no outro a sua outra metade. Sabe aquela idéia de encontrar sua “metade”, ou a “metade da laranja”? Então, essa idéia de ficarmos procurando no outro o que falta em mim, sinceramente eu acho que é um armadilha que armamos para nós mesmos diariamente com os nossos relacionamentos interpessoais, causando frustração constante em nossas vidas.
E no sexo, como seria isso? E idéia central permanece, que seria depender do outro para eu conseguir ter prazer, ou o “outro é que me fará gozar loucamente!!” Se eu não consigo atingir o orgasmo, é porque o meu companheiro é ruim! Ou seja, a responsabilidade da minha felicidade sexual depende do outro, e não de mim. Que ruim isso, não? Então se naquele dia o meu companheiro ou companheira não está tão disposto quanto eu gostaria que estivesse, a nossa relação vai ser ruim? E a sua parte nisso? Não vai fazer nada?
A sua vida sexual depende das iniciativas do outro para que você tenha sexo? E depois fica cobrando e julgando a pessoa que você está se relacionando, sem olhar para o seu “próprio rabo”!
Se você quer sentir prazer, dê prazer! Faça a sua parte buscando a alegria do casal, independente se está sendo estimulado do jeito que gostaria!
Nós seres humanos temos por padrão de julgar aos outros em todos os assuntos, e isso vale também para o nosso sexo do dia-a-dia. Geralmente quando perguntado para as pessoas se a vida sexual delas está bem, a resposta na maioria das vezes é que poderia estar melhorar. Ok, é válida a opinião daquela pessoa, mas assim que perguntamos “o que você está fazendo para que isso melhore?”. Geralmente as pessoas começam a rir e se envergonham por perceberem que não estão fazendo nada, e que estão na verdade apenas esperando.
O que ocorre muito é que se o sexo no relacionamento atual está ruim, ao invés da pessoa procurar resgatar coisas boas que fazia no começo do relacionamento, as pessoas preferem ou cruzar os braços e esperar que o outro resolva o problema, ou então, procuram uma outra pessoa para saciar as suas necessidades. Percebem como somos egocêntricos? Enquanto o sexo com meu parceiro ou parceira está legal, eu fico com ele, e invisto na minha relação, mas a partir do momento que a situação fica morna, eu descarto aquela pessoa para procurar uma outra para preencher o meu “egocentrismo sexual”, e certamente essa outra pessoa age por interesse (de transar com você), e por isso sacia as suas vontades procurando ser o melhor amante do mundo. O sexo casual, sem envolvimento é ilusório, pode ser muito bom, mas não deixa de ser ilusório, pois cada um usa o outro e nada além disso. Temos o direito de escolher viver em relacionamentos casuais, ou então construir algo mais real.
Podemos continuar sendo metades procurando outras metades, fazer para receber, ou todos, dispostos a proporcionar o melhor, o retorno será a felicidade de ver que você está satisfazendo a pessoa que você está gostando, amando. Certamente ela terá prazer em te proporcionar muitas coisas, pelo fato de você ter feito sem esperar receber, mas puramente pela satisfação própria. Utopia ou algo possível? Poderia eu dizer que para aquelas que enxeram isso como utópico, que essas pessoas são tão egocêntricas, que não conseguem se imaginar agindo assim? Querem continuar sendo metades ou todos?
Abraços e ótima semana!